Corretora prevê dúvidas sobre sustentabilidade fiscal nos próximos meses, com prêmio de risco e revisão mensal das taxas.
O aumento da inflação nos últimos meses tem impactado diversos setores da economia brasileira, refletindo diretamente no índice de preços ao consumidor. De acordo com a XP Investimentos, a inflação tem sido um dos principais fatores a influenciar o prêmio de risco sobre ativos brasileiros, com expectativa de que essa tendência se mantenha nos próximos meses.
Além disso, o aumento de preços tem gerado preocupações em relação ao custo de vida da população, tornando essencial uma análise mais aprofundada sobre as perspectivas econômicas do país. A XP Investimentos destaca a importância de monitorar de perto a evolução da inflação e seus reflexos no mercado financeiro, a fim de tomar decisões estratégicas diante desse cenário desafiador.
Revisão do Relatório sobre Inflação e Projeções Econômicas
A corretora observa atentamente a reação das autoridades diante das preocupações dos investidores em relação à inflação. Embora haja algumas medidas para acalmar o mercado, ainda persistem dúvidas em relação à sustentabilidade fiscal no médio prazo. Parte dos impactos já percebidos tende a perdurar, o que levou a uma revisão na previsão da taxa de câmbio, que passou de R$ 5,00 para R$ 5,40 para este ano, e de R$ 5,00 para R$ 5,15 anteriormente.
Como resultado dessas mudanças, a projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi ajustada para 3,8% em 2024 (antes era 3,7%) e para 4,3% em 2025 (antes era 4,0%), conforme mencionado no relatório. Apesar do aumento no prêmio de risco, a previsão para a Taxa Selic permanece estável em 10,50% até o final de 2025.
As simulações realizadas indicam que, considerando os fatores que influenciam a inflação, como a taxa de câmbio, o preço do petróleo, as expectativas e o hiato do produto, a manutenção da Taxa Selic estável resultaria em projeções de inflação do Comitê de Política Monetária (Copom) ligeiramente acima da meta em 2026.
As projeções para a atividade econômica não sofreram alterações significativas. A estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 permanece em 2,2%, apesar dos impactos da tragédia climática no Rio Grande do Sul. Espera-se que esses efeitos sejam compensados ao longo do ano por meio dos esforços de reconstrução e do mercado de trabalho aquecido. A XP agora prevê um aumento de 6,0% na renda real disponível das famílias em 2024.
No que diz respeito às contas públicas, a XP revisou ligeiramente para baixo a projeção de déficit primário para 2024, passando de R$ 60,6 bilhões para R$ 54,5 bilhões. Isso se deve a uma melhora nas perspectivas relacionadas aos royalties e à arrecadação, influenciadas pelo impacto do câmbio sobre a receita do petróleo. Por outro lado, o aumento das despesas e a persistência dos juros elevados devem manter a trajetória de crescimento da dívida pública. A projeção para a relação entre a dívida bruta do governo geral e o PIB deve atingir 82,35 em 2026.
A corretora destaca a importância de medidas de contingenciamento no próximo relatório de receitas e despesas, que será divulgado em 22 de cada mês. Segundo suas estimativas, será necessário um contingenciamento de R$ 41 bilhões (ou R$ 26 bilhões considerando um ‘empoçamento’ de R$ 15 bilhões) para alcançar a meta inferior de resultado primário, e um bloqueio de R$ 16 bilhões para cumprir o limite de despesas. O montante que o governo optar por bloquear será crucial para demonstrar comprometimento com as metas e a manutenção da estabilidade fiscal.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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