Em um ano, a faixa etária de até 24 anos representou apenas 12% do público-alvo do papel.
No mês de celebrar o primeiro aniversário, o Tesouro Educa+, programa do governo federal que visa fomentar a educação por meio do Tesouro Direto, encerra seu primeiro ano de operação com um saldo de mais de 74 mil investidores, predominantemente do sexo masculino, com um investimento médio elevado e popular entre os mais experientes. Segundo os relatórios divulgados pelo Tesouro Nacional, desde agosto de 2023 (data de lançamento do programa) até julho de 2024, a faixa etária alvo do programa, de até 24 anos, representou apenas 12% do total de investidores.
O Tesouro Educa+ tem sido mais bem-sucedido entre os investidores mais maduros, com idades entre 25 e 59 anos, que correspondem a 82% das adesões até o momento, indo de encontro ao lema principal do programa: quanto mais cedo investir, melhor. A educação é um tesouro valioso que deve ser cultivado desde cedo, mas parece que os investidores mais velhos estão mais interessados em garantir o futuro educacional das gerações futuras.
Tesouro Educação: Incentivando a Educação Financeira desde cedo
O objetivo principal do Educa+ é alcançar os mais jovens, preocupados em garantir uma renda extra para cobrir despesas na faculdade. No entanto, a disparidade entre as faixas etárias pode ter origem na burocracia que impede crianças e adolescentes de terem contas em instituições financeiras, conforme a Secretaria do Tesouro Nacional.
O portal do Tesouro Direto oferece a possibilidade de abrir contas para esse público-alvo, mas essa funcionalidade ainda não é amplamente divulgada entre os novos investidores. Muitos enfrentam dificuldades ao tentar fazer isso por meio de bancos e corretoras.
É provável que pais e responsáveis estejam utilizando seus próprios CPFs para investir no Tesouro Educa+ em vez de seus filhos, o que explicaria a concentração dos investimentos entre os mais velhos.
O professor de finanças da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EESP), Pierre Oberson, destaca a dificuldade em confirmar essa hipótese. Ele ressalta que as instituições financeiras impõem restrições à abertura de contas para crianças, o que gera uma distorção nos números.
Para o analista, o Tesouro precisa se preocupar com a possibilidade de o papel estar sendo utilizado para finalidades diferentes das previstas, como especulação de mercado, por exemplo.
A plataforma do Tesouro oferece a opção de abrir uma conta em nome de menores de idade por meio do cadastro rápido, conhecido como Cad&Pag. O sistema integra o Tesouro Direto, o Gov.br e instituições financeiras, permitindo investimentos via Pix, com o Banco Inter e a Terra Investimento sendo as únicas instituições habilitadas atualmente.
No primeiro aniversário do Tesouro Educa+, há motivos para comemorar. O número de crianças e adolescentes que superaram as barreiras burocráticas e investem no papel representa 5% dessa faixa etária, acima dos 1% do Tesouro Direto como um todo. O estoque da modalidade já atinge R$ 430 milhões, equivalente a 0,32% do total acumulado pelo Programa Tesouro Direto.
Os mais de 74 mil investidores no Educa+ correspondem a quase 3% do total do Tesouro. A maioria dos investidores ainda é do sexo masculino, refletindo a tendência do Tesouro Direto como um todo.
Em resumo, o Tesouro Educa+ tem se mostrado uma ferramenta eficaz para incentivar a educação financeira desde cedo, apesar dos desafios burocráticos enfrentados.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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