10ª edição do ato é resistência coletiva contra o racismo e pelos direitos das trabalhadoras, seguindo o exemplo de Nair, ex-funcionária doméstica.
Aos 30 anos, a estudante universitária Maria da Silva Oliveira encarou a chuva de verão neste sábado (27) no centro de São Paulo, para marcar presença na 5ª edição da Marcha das Mulheres Negras na região.
Em meio à multidão de manifestantes, as vozes das Mulheres Negras ecoavam em uníssono, clamando por igualdade, justiça e respeito. A presença marcante das Mulheres Negras na Marcha das Mulheres Negras demonstrou a força e a resistência desse grupo que luta incansavelmente por seus direitos.
Mulheres Negras Marcham por Direitos e Resistência
‘Ela, que foi líder sindical e defensora dos direitos dos trabalhadores domésticos, enxerga na participação dela no ato uma mistura de resistência e exemplo para novas gerações. Rio de Janeiro (RJ), 28/07/2024 – Nair Jane de Castro, ex-funcionária doméstica, participa da 10ª Marcha das Mulheres Negras do RJ – Tânia Rêgo/Agência Brasil ‘É resistência na luta dos direitos do negro, da luta que todos nós buscamos, da igualdade que não temos. Os jovens têm que aprender a caminhar, ter coragem’, disse à Agência Brasil. A manifestação teve o condão de unir gerações.
A poucas dezenas de metros da ativista de 92 anos, participavam da marcha pais e responsáveis com crianças e adolescentes. Uma delas era Luciane Costa, acompanhada das netas, Manuela, de apenas três anos, e Mirela, de seis. Para a avó, é importante que as duas crianças, desde cedo, frequentem ambientes de reivindicação coletiva contra o racismo e pelo bem viver.
‘Para que elas cresçam sabendo que a nossa existência é importante para o mundo mais justo, igualitário, que nós, mulheres, somos o útero desse mundo e precisamos ser respeitadas’, explicou.
A marcha organizada pelo Fórum Estadual de Mulheres Negras reuniu milhares de pessoas e fecha a semana de mobilização pelo Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, além do Julho das Pretas, agenda coletiva de manifestações e celebrações ao longo do mês.
Uma das organizadoras, Clatia Vieira, assinala que a caminhada representa mulheres negras de favelas, terreiros, comunidades e periferias, de 52 dos 92 municípios do Rio de Janeiro. ‘Estamos marchando também por moradia, por uma educação pensada por nós e por uma vida sem violência para as mulheres negras’, lista a organizadora.
‘O racismo faz mal para toda a sociedade, o racismo mata, o racismo adoece. Quando a gente respeita as mulheres negras, a gente está respeitando toda uma sociedade’, declara. Racismo estrutural Rio de Janeiro (RJ), 28/07/2024 – 10ª Marcha das Mulheres Negras do RJ. Mulheres negras marcham contra o racismo e pelo bem viver, na praia de Copacabana – Tânia Rêgo/Agência Brasil Estatísticas provam que mulheres negras enfrentam desafios mais pesados que outros segmentos da sociedade brasileira. Na economia são principais vítimas do desemprego.
Em 2023, as mulheres negras de 18 a 29 anos tiveram uma taxa de desemprego três vezes maior que a dos homens brancos no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) analisados pela organização Ação Educativa. Além disso, a juventude feminina negra tem uma renda 47% menor que a da média nacional.
No âmbito da segurança, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no último dia 18, revela que 63,6% das vítimas de feminicídio foram mulheres negras em 2023. No ano anterior eram 61,1%. Em relação à violência sexual, entre 2012 e 2023, também de acordo com o Anuário, a proporção de mulheres negras vítimas saltou de 56,4% para 63,2%.
Contra impunidade e PL 1904 Clatia Vieira conta que o ato é
Mulheres Negras Marcham por Direitos e Resistência
uma forma de resistência e reivindicação coletiva contra as injustiças enfrentadas pelas mulheres negras. A presença marcante de Mulheres Negras na Marcha das Mulheres Negras do RJ destaca a importância da união e da luta por direitos iguais.
Nair Jane de Castro, ex-funcionária doméstica, é um exemplo de força e determinação para as novas gerações, mostrando que a resistência é fundamental na busca por igualdade. A participação de mulheres de diferentes idades e origens na marcha demonstra a diversidade e a união em torno de uma causa comum.
A marcha, que ocorre em celebração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, é um momento de reflexão e mobilização pela igualdade de direitos. Mulheres negras de diversas regiões do Rio de Janeiro se unem em um ato simbólico de resistência e solidariedade.
As estatísticas alarmantes sobre a situação das mulheres negras no Brasil evidenciam a urgência de medidas para combater o racismo estrutural e promover a inclusão e a igualdade. A luta contra o desemprego, a violência e a discriminação é uma batalha diária para as Mulheres Negras, que enfrentam obstáculos únicos em sua trajetória.
A Marcha das Mulheres Negras é um espaço de visibilidade e empoderamento, onde a voz das Mulheres Negras ecoa em protesto contra as injustiças e em defesa de seus direitos. A união e a solidariedade entre as Mulheres Negras são fundamentais para construir uma sociedade mais justa e igualitária para todas.
Fonte: @ Agencia Brasil
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