Escritora catalã relata em ‘As Abandonadoras’ a história de mulheres, famosas e anônimas, para compreender as razões que as levaram a deixar seus filhos.
No século passado, a educadora Maria Montessori desenvolveu um método inovador de ensino para crianças carentes na Itália que atualmente está ligado a móveis e escolas luxuosas para as classes mais privilegiadas, valorizando sempre o papel fundamental da mãe na educação dos pequenos.
Esse método, que valoriza a participação ativa da mãe no desenvolvimento infantil, foi inspirado na dedicação da genitora de Montessori, refletindo a importância da presença materna no processo educacional das crianças em todo o mundo.
Explorando a Maternidade e o Abandono
Em 2007, a escritora Doris Lessing surpreendeu ao receber o Prêmio Nobel de Literatura aos 87 anos, tornando-se a escritora mais velha a conquistar esse prestigiado reconhecimento. A atriz Ingrid Bergman, por sua vez, foi agraciada com quatro Oscars ao longo de sua carreira. O que une essas mulheres, além de seu sucesso profissional, é a ausência de filhos ao seu redor, apesar de terem sido genitoras.
‘Que tipo de mãe abandona seu filho?’ – essa indagação foi o ponto de partida para a jornalista e escritora catalã Begoña Gómez Urzaiz, que recentemente lançou o livro ‘As Abandonadoras’ no Brasil. Ao se debruçar sobre esse tema, Begoña se viu confrontada com suas próprias escolhas maternas, tendo que lidar com momentos de ausência em prol de sua carreira.
Durante sua pesquisa, Begoña mergulhou nas histórias dessas mulheres renomadas e suas motivações, buscando compreender as nuances por trás do abandono materno. Ela revela que se sentiu desconfortável ao perceber a existência de uma lista mental de mulheres consideradas ‘abandonadoras’, o que a levou a questionar suas próprias crenças sobre a maternidade e o sucesso feminino.
No filme ‘Que horas ela volta?’ (2015), a diretora Anna Muylaert aborda a história de Val, uma pernambucana que se muda para São Paulo em busca de melhores oportunidades para sua filha, Jéssica. A trama revela as complexidades das relações entre empregadas e os filhos de seus empregadores, destacando as disparidades sociais e emocionais presentes nesse contexto.
Begoña não se restringe apenas a relatos de mulheres famosas que optaram pela carreira em detrimento da maternidade. Em seu livro, ela também aborda as questões econômicas e sociais que permeiam o abandono materno, trazendo à tona histórias de mulheres latinas que enfrentaram desafios semelhantes ao da personagem de Regina Casé. A obra de Begoña lança luz sobre um tema delicado e complexo, convidando o leitor a refletir sobre as diferentes facetas da maternidade e do sucesso feminino.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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