CFO alerta que margens estão em descompressão após preços das commodities voltarem ao patamar pré-guerra no quarto trimestre.
Após um crescimento impressionante de 22 vezes em seu lucro no quarto trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022, a M. Dias Branco está otimista em relação à recuperação de suas margens, que foram fortemente impactadas nos últimos anos. Os desafios econômicos impulsionados pela pandemia de Covid-19 e a instabilidade causada pela guerra entre Rússia e Ucrânia foram os principais responsáveis pela pressão nos preços das commodities, afetando diretamente os resultados da empresa.
Diante desse cenário desafiador, a M. Dias Branco está revisando sua estratégia de negócios para garantir a estabilidade financeira e o crescimento sustentável da companhia. As incertezas globais continuam a impactar o mercado, mas a empresa está focada em inovar e se adaptar às novas demandas dos consumidores, buscando sempre se destacar em um cenário cada vez mais competitivo.
M. Dias Branco e sua gestão estratégica de custos
Matérias-primas como trigo, cacau, óleo de palma e açúcar respondem por 40% dos custos da companhia. Mesmo com essa ‘tempestade perfeita’, a empresa não esperou o mundo se acalmar. Se voltou para dentro e iniciou uma série de trabalhos para ganhar eficiência nas operações, afirmou Gustavo Theodozio, vice-presidente de investimentos e controladoria da companhia, em entrevista ao Por Dentro dos Resultados, do InfoMoney. No quarto trimestre, a margem Ebitda da empresa chegou à média histórica de 16%, mas, no acumulado ano, ficou em 13,2%.
M. Dias Branco e os desafios com o preço das commodities
Com os preços das commodities voltando ao patamar pré-guerra, Theodozio disse que as margens estão em processo de descompressão. Em um mundo normalizado, a companhia deve entregar uma margem ainda maior do que a margem histórica, afirmou o CFO. A companhia tem, hoje, um portfólio mais rico e operações mais azeitadas. Os conflitos internacionais continuam sendo monitorados, mas o executivo disse que a companhia não espera por novas surpresas nos preços das matérias-primas. Com a aparente estabilidade desses conflitos, o fator de atenção passa a ser clima. Acompanhamos relatórios diários, de grandes consultorias, que monitoram esse assunto. Mas é um ponto de incerteza e de atenção para preços futuros.
M. Dias Branco e sua estratégia de expansão geográfica e lançamento de produtos
Em 2018, a M. Dias Branco adquiriu a Piraquê e, desde então, trabalhou para levar a marca para fora do Rio de Janeiro, seu mercado de origem. Duas outras aquisições no Sudeste – Latinex e Jasmine – ajudaram a empresa a diluir sua presença regional, que estava muito concentrada na região Nordeste. Na estratégia atual da M. Dias Branco, as regiões Norte e Nordeste estão na chamada ‘área de defesa’, de manutenção de mercado, onde a empresa tem mais de 60% de market share. Sul, Sudeste e Centro-oeste estão na ‘zona de ataque’, de expansão comercial da companhia – nessas regiões, a fatia de mercado da M. Dias Branco é de pouco menos de 20%. Os investimentos em marketing dispararam com a implementação dessa estratégia.
Passaram de 0,5% para 2% da receita líquida. Nas grandes empresas de consumo, o percentual chega a 5%, 8%. Não queremos ir do zero ao 100 muito rápido, temos um plano equilibrado para fazer esses investimentos com acompanhamento, sabendo que os recursos estão sendo bem investidos, explicou Theodozio. Marcas com maior valor agregado, como a Piraquê e Adria, estão sendo priorizadas. A empresa também se prepara para o lançamento de novos produtos. Itens lançados nos últimos 24 meses, sejam por extensões de linhas já existentes ou pela entrada em novas categorias, respondem 4% da receita líquida da M. Dias Branco.
A estratégia de crescimento orgânico e internacionalização da M. Dias Branco
No curto prazo, a M. Dias Branco sinaliza que dará prioridade ao crescimento orgânico. Apesar de estar em posição confortável de caixa, a companhia adota uma postura conservadora, e só deve fazer aquisições na ‘zona de ataque’ – desde que encontre uma companhia que gere sinergias ao negócio. Em novas categorias, o objetivo é escalar as empresas recém-adquiridas. A internacionalização é outro pilar de crescimento da companhia – por ter mais de um terço do mercado brasileiro, é mais difícil conseguir do Conselho Administrativo de Defesa Econômica a aprovação de novas aquisições no Brasil. Além disso, partir para o exterior ajuda a M. Dias Branco a lidar com o descasamento entre custos em dólar e vendas em real.
Fonte: @ Info Money
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