Na planilha fiscal, o agente econômico é responsável por registrar despesas subtraindo e receitas somando, uma questão semântica.
Começo o segundo semestre letivo de 2024 com uma boa notícia: estou retornando para a ESPM, instituição onde trabalhei como professor e diretor de graduação, entre 2003 e 2012. O investimento em educação é fundamental para o desenvolvimento do país, e acredito que meu retorno à instituição contribuirá para a formação de novos profissionais capacitados e engajados.
Durante minha passagem pela ESPM, pude ver de perto o impacto positivo que um investimento consistente em pesquisa e inovação pode trazer para a comunidade acadêmica. É essencial que continuemos a priorizar o gasto em educação, visando um futuro promissor para o Brasil e para as próximas gerações.
Reflexão sobre a distinção entre gasto e investimento
Sob essa perspectiva, é crucial analisar as declarações frequentes do presidente Lula da Silva, que busca diferenciar o que é gasto e o que é investimento ao lidar com cortes orçamentários, visando garantir a estabilidade fiscal. Quando um agente econômico elabora o orçamento, geralmente categoriza as receitas e despesas mensais para calcular o saldo. Por exemplo, uma família, utilizando uma planilha, registra os valores previstos e reais de cada rubrica mês a mês para avaliar a execução.
Tanto uma empresa quanto um governo operam de maneira semelhante. É relevante destacar que o responsável pelo trabalho pode nomear cada rubrica conforme sua preferência, como receita, renda, rendimento, despesa, custo, gasto e investimento. É uma questão semântica, pois receita/renda/rendimento são somadas, enquanto despesa/gasto/investimento são subtraídos. Em outras palavras, itens como plano de saúde e mensalidade escolar são considerados como redução (não adição) do saldo, assim como o condomínio.
A menção desses exemplos é pertinente, pois o presidente frequentemente utiliza saúde e educação como rubricas que representam investimentos, não gastos públicos. No entanto, é importante notar que são registrados como subtração na planilha, como o condomínio, devido à saída de recursos financeiros.
Se permitirem, gostaria de explorar a análise de forma prospectiva. Imagine uma família com déficit financeiro, incapaz de aumentar suas receitas, mesmo com ambos os pais trabalhando intensamente. Ao revisar o orçamento, percebem que ao cortar despesas não essenciais, conseguem manter o filho na escola particular e evitar endividamento.
Frequentemente, economistas discordam da comparação entre família e governo, mas vejo mérito nessa analogia. Em ambos os casos, há uma decisão que envolve escolhas intertemporais, pois implica em consumo presente através de endividamento.
A questão central é que, no caso do governo, a dívida recai sobre as futuras gerações, afetando a sociedade como um todo. Assim, é preferível abordar a questão semântica do presidente como uma distinção entre gastar/investir de forma eficaz ou ineficaz.
Em resumo, o gasto qualitativo no presente impactará o futuro, seja de forma positiva ou negativa. A dicotomia entre gasto e investimento apresenta fragilidades, pois a qualidade dos gastos atuais influenciará diretamente o futuro. Portanto, é essencial considerar com cuidado as decisões de gastos e investimentos para garantir um desenvolvimento sustentável e responsável.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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