Mara Telles, da Associação de Pesquisadores Eleitorais, destaca a influência da bancada evangélica e a Teologia do Domínio em pautas morais.
A presença dos evangélicos tem sido cada vez mais notável na política brasileira, em especial dos evangélicos neopentecostais, que têm marcado presença nas eleições do país.
Os evangélicos neopentecostais têm influenciado significativamente a opinião pública e as decisões políticas, tornando-se um grupo relevante no cenário eleitoral do Brasil.
Evangélicos: Crescimento e influência dos grupos religiosos neopentecostais
De acordo com Mara Telles, presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel) e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o aumento da influência dos Evangélicos está diretamente ligado à chamada ‘teologia do domínio’. Essa corrente teológica enfatiza a crença de que Jesus retornará à Terra e seus seguidores devem preparar o caminho para esse evento, engajando-se ativamente na política, na sociedade, na mídia e no entretenimento.
Para ganhar almas e transformar essa fé em votos, os Evangélicos propõem uma série de ações estratégicas. A pesquisadora destaca que, apesar de nem todos os Evangélicos aderirem à ‘teologia do domínio’, uma parcela considerável é motivada por essa convicção no retorno de Jesus e na necessidade de ‘preparar o terreno’ para sua vinda.
Neopentecostais: Ações para ganhar almas e influenciar a política
No cenário político das eleições de 2022, observou-se um expressivo aumento no número de candidatos com referências cristãs, como ‘bispo’ e ‘irmão’. Partidos como o Republicanos e o PL, ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, foram os que mais elegeram representantes alinhados a essa tendência neopentecostal.
É importante ressaltar que as pautas morais, como aborto, união civil entre pessoas do mesmo sexo e a ‘ideologia de gênero’ na educação, têm ganhado destaque e devem ser temas recorrentes nas eleições municipais deste ano. No entanto, Mara Telles alerta que a polarização em torno dessas questões pode desviar a atenção dos reais problemas enfrentados pelas cidades, como desigualdade, mobilidade, saúde e educação.
A influência dos Evangélicos e dos grupos religiosos neopentecostais na política brasileira tem sido cada vez mais evidente, refletindo não apenas em questões de fé, mas também em decisões políticas e sociais. A necessidade de um debate amplo e inclusivo, que aborde não apenas pautas morais, mas também questões estruturais e de bem-estar coletivo, é fundamental para o desenvolvimento equilibrado da sociedade.
Fonte: @ CNN Brasil
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