Professor bem-humorado usa piada para ensinar regras de crase no TikTok, humanizando termos técnicos. Atenção: há exceções!
‘A crase só gosta da menina, e de uma menina de cada vez. É lésbica e monogâmica’, declara o professor Maurício da Silva, da Universidade Federal Fluminense (UFF), em um vídeo engraçado que se tornou viral no TikTok (confira acima).
No entanto, nem todos entendem a crase. Alguns confundem com o acento grave, o que pode gerar equívocos na escrita.
Entendendo a crase de forma bem-humorada
✏️O professor menciona a brincadeira para auxiliar os brasileiros em uma missão que normalmente os tortura desde os tempos de escola: compreender quando devemos usar o acento grave em textos escritos. 🤔A sugestão do docente realmente funciona? Depende. Ela pode ser bastante útil em situações gerais (a técnica de humanizar a crase é boa, convenhamos), mas não se aplica a todas as circunstâncias. A monogamia, em especial, se transforma em um ‘relacionamento aberto’ em exceções da língua portuguesa. Saiba mais abaixo.
Explorando as regras gerais da crase
🔴Vamos, em primeiro lugar, a uma explicação geral: o que é crase? Em termos mais técnicos, ela consiste na junção da preposição ‘a’ (como em ‘vou a algum lugar’) e do artigo ‘a’ (‘a praia é bonita’). Quando esses dois elementos se aproximam, surge o famoso ‘à’. Por exemplo: ‘Vou à (a + a) praia bonita que você me recomendou outro dia’.
Brincando com a crase: ‘lésbica e monogâmica’?
🌈Quais são as regras gerais para utilizar a crase? Ela é ‘lésbica e monogâmica’? Em termos bem-humorados, o acento grave só pode ser empregado, em linhas gerais, antes de palavras femininas (pois, antes das masculinas, o artigo ‘a’ não existe). A combinação ‘a + a’ perde uma de suas partes, e a crase deixa de ser utilizada. Por isso, o professor brinca que a crase é ‘lésbica’: ‘ela só gosta de meninas’, afirma.
➡️Exceções ao ‘lesbianismo’: Em casos específicos, a crase se volta também para os termos masculinos. Por exemplo: ‘Ele está com um tanquinho à Cauã Reymond.’ A crase é empregada porque há um termo no feminino (‘à moda de’) implícito. Seria como dizer ‘Ele está com um tanquinho (à moda de) Cauã Reymond’.
Explorando a ‘monogamia’ da crase
💍A outra parte da piada reside aqui: utilizamos o ‘à’ somente antes de palavras no singular. ‘A crase só gosta de uma menina por vez’, brinca o professor. Por exemplo: ‘Eu irei à aula amanhã’ (aula está no singular).
➡️Exceções à ‘monogamia’: a) Se optarmos por ‘às’ em vez de ‘à’, a crase será empregada antes de termos no plural. Por exemplo: ‘Vou às aulas de matemática amanhã.’ ‘Abri uma exceção às regras combinadas no início do ano.’ b) Em locuções formadas por substantivos femininos no plural, também ocorrerá a crase. Por exemplo: ‘Às vezes, gosto de comer um sanduíche.’ ‘Ela o traiu às claras!’
Outras observações sobre o uso da crase
No TikTok, o professor também destaca que, antes de pronomes de tratamento (como vossa senhoria), a crase não é utilizada. ‘Esses pronomes se referem tanto a homens quanto a mulheres. E a crase só gosta de menina’, brinca ele. Por exemplo: ‘Refiro-me a vossa senhoria.’ Não importa se a pessoa é homem ou mulher; não haverá crase.
➡️Observação: As situações de uso da crase não se limitam aos exemplos mencionados acima. Existem outras regras, como não empregar antes de verbos no infinitivo (‘Ela está tentada a comer um doce’) e não utilizar antes de pronomes pessoais (mesmo no feminino) (‘Vou entregar isso a ela’). Afinal, não há artigo para ‘ela’, não é mesmo? Ninguém diz ‘A ela foi ao’.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
Comentários sobre este artigo