Baixa adesão à vacinação aumenta casos de câncer relacionado ao HPV; diagnóstico tardio eleva mortalidade. Rastreamento precoce e vacinas são essenciais.
O aumento na mortalidade por câncer de colo de útero no Brasil nos últimos anos é alarmante, principalmente considerando que a doença é passível de prevenção. A importância da realização periódica do exame de Papanicolau, que identifica alterações nas células do colo do útero, é fundamental para detectar precocemente possíveis sinais da doença e aumentar as chances de cura.
O câncer cervical é um dos tipos mais comuns de câncer de útero entre as mulheres, podendo ser desenvolvido ao longo dos anos devido à infecção persistente pelo HPV. Por isso, a vacinação contra o HPV é essencial para prevenir a infecção e reduzir o risco de desenvolvimento dessa doença tão perigosa. É fundamental conscientizar a população sobre a importância da prevenção e da realização de exames regulares para evitar a evolução do câncer de colo de útero.
Importância do câncer de colo de útero na saúde das mulheres
Vale lembrar que o câncer de colo de útero é o terceiro tipo mais prevalente entre as mulheres, excluídos os tumores de pele não melanoma, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Segundo o membro da Comissão de Ginecologia Oncológica da Febrasgo, mais de 90% dos casos desse tipo de câncer se originam da infecção pelo papilomavírus (HPV), sendo os subtipos 16 e 18 os principais responsáveis – existem no total 200 subtipos identificados.
Ele ressalta que cerca de 70% a 80% da população entra em contato com o HPV em algum momento da vida, principalmente através da atividade sexual.
Diagnóstico precoce e prevenção do câncer cervical
A oncologista Angélica Nogueira destaca a importância dos exames de rastreamento precoce, do uso de preservativos e da vacinação contra o HPV para minimizar a prevalência e a mortalidade pelo câncer de colo de útero. Ela explica que as lesões precursoras do HPV, que afetam o colo do útero, são consideradas pré-câncer e geralmente não apresentam sintomas, sendo detectadas apenas através do exame de papanicolau.
Quando os sintomas se tornam evidentes, como sangramento, corrimento com odor forte, dor durante o sexo e infecções recorrentes, indica que o problema evoluiu para o câncer de colo de útero. É recomendado que mulheres cis, homens trans e pessoas não-binárias identificadas como mulheres ao nascer realizem o papanicolau a cada três anos entre 25 e 64 anos.
Prevenção através da vacinação contra o HPV
O uso de preservativos e a vacinação são considerados essenciais para evitar o câncer de colo de útero. No Brasil, existem duas vacinas disponíveis: a quadrivalente, indicada para crianças de 9 a 14 anos, e a nonavalente, recomendada para crianças e adultos de 9 a 45 anos. A vacina quadrivalente protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 de HPV, enquanto a nonavalente também protege contra os subtipos oncogênicos 31, 33, 45, 52 e 58.
Os subtipos 16 e 18 do HPV, mais relevantes para o câncer de colo de útero, têm eficácia de prevenção de 70% e 90%, respectivamente. É essencial aumentar os índices vacinais contra o HPV, pois ele também está associado a outros tipos de câncer, como vaginal, anal, peniano e na orofaringe.
Desafios da cobertura vacinal e importância da comunicação
A cobertura vacinal contra o HPV está abaixo do ideal no Brasil, principalmente devido a um tabu sobre a vacinação e a falta de comunicação adequada. A pediatra Mônica Levi acredita que a comunicação sobre a importância da vacina deve ser mais estratégica, considerando o público-alvo de 9 a 14 anos, para garantir uma adesão maior. Além disso, a união entre os Ministérios da Saúde e da Educação pode contribuir para melhorar os índices vacinais.
Em relação ao câncer de colo de útero, a detecção precoce é fundamental para o tratamento eficaz. O Ministério da Saúde adotou recentemente uma abordagem inovadora no SUS para diagnosticar precocemente o HPV, com testes moleculares mais eficazes. A vacinação continua sendo crucial para prevenir o câncer, independentemente da qualidade dos exames.
Fonte: @ Estadão
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